Há muito tempo sabemos que as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, vem sendo diminuída, apesar de alguns passos desiguais. Apesar dos grandes avanços obtidos no último século, as mudanças são lentas e a disparidade entre homens e mulheres persiste no mundo todo, inclusive na ciência. De acordo com a UNESCO, as mulheres representam atualmente apenas 30% dos pesquisadores no mundo todo.
No Brasil, quase 51% da população é feminina. Podemos afirmar que a capacidade cognitiva e intelectual da espécie humana é a mesma para os dois gêneros. Felizmente, houveram muitos avanços no último século. Hoje, as mulheres representam mais de 50% do número de estudantes ingressos, matriculados e concluintes nos cursos superiores do Brasil (INEP, 2018) (Figura 02) e são responsáveis por cerca da metade de toda a produção científica do país (Elsevier, 2017). Os dados disponíveis para a avaliar a distribuição de gênero em cargos de direção de universidades e institutos de pesquisa são escassos, mas é um consenso que a maior parte dessas posições é ocupada por homens brancos. Por outro lado, os números nos trazem alguma esperança: considerando todas as áreas de conhecimento, a proporção de mulheres mais jovens (entre 30 e 50 anos) na Academia de Ciências Brasileira é maior (21,3%) do que a proporção entre homens e mulheres com mais de 50 anos (8,9%).
O mercado Biotecnológico, em expansão acelerada, e de segmentos variados, já começa a questionar a necessidade de mulheres em cargos que vão além dos técnicos nas indústrias biotecnológicas. Exemplo deste “novo olhar” das indústrias de biotecnologia, foi o movimento iniciado em junho de 2009 pela Comissão Europeia de Desenvolvimento da Biotecnologia, que promoveu um workshop denominado “A Global Look at Women´s Leader ship in Biotecnology Research”. De lá para cá, porém, houve avanço no reconhecimento dos méritos femininos, especialmente na área de biotecnologia. Em 1991, Ann Tsukamoto desenvolveu uma forma de isolar células-tronco, em 2018, Frances Arnold, professora do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), recebeu o Nobel de Química por sua pesquisa com enzinas geneticamente modificadas, entre muitas outras conquistas das mulheres na ciência.
Em suma foi dado o start para incentivos de cargos líderes que possam ser ocupados por mulheres. Obviamente o interesse deste encontro e de outros não é de cunho feminista, mas sim de interação entre players e posicionamentos estratégicos em cargos que possuem peculiaridades que a alma feminina elucida mais facilmente. E a feminilidade é genético, e genética não se discute. Nós, enquanto sociedade, precisamos assegurar às mulheres oportunidades iguais de desenvolver suas capacidades em qualquer área.